23º conto com a técnica do flashback
O sol no Rio
Eu estava indecisa, onde ir primeiro? O Rio
de Janeiro é tão lindo, tão grande e com tantos lugares que é difícil escolher
em qual ir primeiro. Ainda no aeroporto, eu aguardava as malas, é engraçado,
porque quando se está animada para começar logo seu tour, sua mala será a
última da esteira, e a minha não fugiu à regra, claro.
O aeroporto não tinha nada de bonito, é
decepcionante como uma cidade daquele porte, que recebe milhares e milhares de
turistas, pode ter um aeroporto meia sola. Ele funcionava bem, mas a fachada
merece um zero. Fora daquele lugar eu já conseguia sentir os fortes raios
batendo no meu rosto, o cheiro daquela cidade é tão agradável, parecia puro,
impossível de ser comparado.
Claro que, quando se chega de uma viagem, sua
primeira parada é no hotel, toda aquela coisa de check-in me deixa realmente
entediada, é muita perda de tempo! Porém, faz parte. Uma coisa que eu estranhei
foi o recepcionista. Ele era realmente pálido, mas com os lábios muito
vermelhos, aquilo era estranho? E o jeito, nervoso, atendia as ligações muito
rapidamente, como se estivesse sendo espiado por fazer algo errado.
Hora de decidir meu primeiro destino, o
primeiro local que veio à minha cabeça foi o famoso Cristo Redentor, mas eu
quis fugir da mesmice, meu primeiro local então foi o morro do Pão de Açúcar.
Escolha certeira para aquela manhã tão ensolarada, não havia melhor opção.
Consegui um ônibus bem perto do hotel. Como
eu não conhecia as linhas, pedi ajuda, não estava a fim de me perder em meu
primeiro dia. Tomei o ônibus certo, desci na porta da estação do famoso
bondinho. A moça da bilheteria tinha um jeito familiar também, acho que igual
ao do rapaz da recepção do hotel. No Pão de Açúcar, antes de chegar ao topo,
existe uma outra parada, a vista dali já era linda, fiquei imaginando a do
topo.
Eu observava o heliporto enquanto tomava
minha Coca. Eu esperava ver algum helicóptero de algum famoso, afinal, o Rio é
a casa dos famosos brasileiros. Mas não foram bem artistas que desceram dali.
Outros dois rapazes, pálidos e com lábios vermelhos desceram. Seria todos da
mesma família? Aquilo realmente me impressionava. Dei meia volta e continuei
meu caminho. Cheguei ao topo, era realmente lindo!
Fiquei o dia todo fora, de noite, eu estava
descansando no meu quarto quando de repente as luzes se apagaram. Tive que
descer até a portaria e falar com o recepcionista esquisito. Ele não estava lá,
tudo estava no maior silêncio. Olho em volta, nada. Tentei me acalmar, mas era
impossível, virei para correr para o elevador, dei de cara com o recepcionista,
que estava segurando uma faca. Meu grito de espanto deve ter acordado o hotel
inteiro. Ele mesmo se assustou, e calmamente falou:
- Calma moça, não vou machucá-la.
- Não chegue perto de mim!
- Você é como todos, pensam que eu sou mal por causa da
minha aparência. Pois digo uma coisa, isso é de família, sou normal se quer
saber. Aliás, venha conhecê-los.
Ele puxou-me pelo braço, eu tremia tanto que
não falei nada. Chegamos ao salão de festas do hotel. Ele me acomodou em uma
das cadeiras, juntamente com os dois rapazes que desceram do helicóptero e com
a moça da bilheteria.
- Deixe-me apresentar, sou Cam, e esta é minha irmã
Elena, estes são meus irmão, Damon e Stefan. Nos reunimos todo mês, depois que
nossos pais morreram.
- Prazer, sou Luce. – Disse nervosa.
- Fique calma e sente-se, sei que você deve estar
estranhando, mas não precisa ter medo.
- Me desculpem, realmente me assustei com toda essa
situação.
Correu tudo bem, o jantar foi ótimo, eles eram normais.
Meu sobrinho chorou. Pisquei duas vezes, larguei a revista, levantei-me e o
abracei até que ele se acalmasse.
Andrea Mendes – 8ª série B