quinta-feira, 1 de agosto de 2013

29º conto com a técnica do flashback


Mescla de sabores e aromas

Era sexta-feira, e minha família estava toda na casa da minha avó. Normal, pois era sexta-feira santa. Já era quase a hora sagrada do almoço, quando todos se sentavam à mesa e comiam aquele belo bacalhau do meu avô, enquanto conversavam e bebiam vinho. Uma pena eu ainda não poder beber vinho.
Finalmente chegada a hora, fomos todos para a sala de jantar, onde eu (finalmente) me sentei à mesa dos adultos, e minha irmã, com inveja, sentou-se à mesa menor, das crianças. Todos nos servimos de arroz, batatas, salada, então meu avô veio da cozinha, com a bandeja onde ficava o enorme bacalhau com molho, batatas e tomate. O Aroma invadiu a sala toda, deixando a todos com água na boca.
Por estar sentando-me à mesa dos adultos pela primeira vez, deram-me a honra de pegar o primeiro pedaço daquele peixe salgado e delicioso. Cortei um pedaço bem grande e dourado (para compensar o vinho que não pude beber) e, após todos pegarem e brindarem, coloquei um pedaço suculento na boca. Aquele sabor, salgado, combinado com o gosto agridoce das batatas com o tomate... O molho suculento, laranja ,devido ao peixe...
Um dos sons mais contagiantes e engraçados do mundo é quando dois portugueses, após tomar muito vinho, começam a discutir. Ainda mais quando se chamam Manoel e Joaquim.
- Maldito seja, Manoel! Essa era a minha taça!
- O Raio que o Parta, Joaquim! Tenho certeza que não!
Eu ria muito da discussão dos dois portugueses, ainda mais por sua linguagem soar estranha para mim, um brasileiro. Meu tio tinha me trazido para aquele restaurante que julgava ser o melhor de Lisboa, porém era escondido e pequeno.
Mas eu não podia reclamar, a comida era boa mesmo. Havia uma fila enorme para fora da porta, esperando uma mesa para comer aqueles deliciosos peixes, tortas, e tomar um bom gole de vinho. Uma pena eu ainda não poder beber vinho.
Saímos do restaurante todos juntos, e seguimos a pé pela rua, cheia de outros restaurantes. Vi um azulejo pintado parecendo um quadro, em uma daquelas paredes antigas. A rua de ladrilhos me fazia parecer estar andando em uma cidade medieval, ainda mais por que havia uma antiga muralha ainda de pé, com alguns turistas por perto. Fomos para a parte nova de Lisboa e entramos em um grande shopping, com luzes coloridas e muitas pessoas. Paramos para tomar um café.
Eu não gostava muito de café, então fiquei apenas sentado, olhando as pessoas e como tudo aquilo era diferente... Então meu pai disse:
- Pegue um bolinho, filho.
Eu me virei, e vi uma porção de bolinhos de chuva, que estava sobre a mesa. O cheiro do bolinho, açúcar, quentinho...
- Quer um, Victor?
Minha avó estava com uma enorme travessa de bolinhos de chuva, vinda diretamente da cozinha. Olhei para o meu prato, meio sem entender, e percebi que já havia devorado tudo.
- Claro que sim, vó! – Disse, com um sorriso e água na boca.
Continuamos comendo os bolinhos, e as outras sobremesas de sexta-feira santa, como pavê e pudim, enquanto conversávamos sobre diversos assuntos. Minha família estava em um momento feliz. Todos continuavam bebendo vinho, mas eu ainda bebia refrigerante. Uma pena eu ainda não poder beber vinho.


Victor Motta  8ª série A

Um comentário:

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